A função do Espírito no mundo e na Igreja

“O Espírito de Deus me fez; e a inspiração do Todo-Poderoso me deu vida” (Jó 33.4).

Compreender o Espírito Santo em Sua plenitude é uma missão que não se completa nesta vida, mesmo sendo a Sua presença, a sua ação e a sua função moral e redentora inegáveis. Somos limitados para compreender o Espírito Santo em Sua plena essência. Na história, por vezes, o Espírito Santo é por alguns “visto um tanto distante e impessoal em comparação com o Pai e o Filho”. Isso porque a incapacidade e a limitação do homem natural, que não passou pelo novo nascimento, não permitem que ele vislumbre a ação do Espírito Santo no curso da história, bem como a Sua manifestação aos homens por meio de Sua função moral e redentora.

O Espírito de Deus

O ruach, como fôlego de vida, energia e vento, impulsiona os movimentos em sua ordem natural. “O ruach de Yahweh é, por assim dizer, o sopro de Deus, o poder irresistível pelo qual Ele concretiza seus propósitos”.

A ação do Espírito Santo na criação é um fato que a ciência não consegue explicar, porque excede aos seus limites. Pensadores na Antiguidade atribuíam a criação a um vento, sem uma clara explicação. O fato de que nenhuma alusão adicional se faz à atividade do ruach no Gênesis é tomado como uma indicação de que Ele pertenceria ao caos a não à ordem de agente criador, chegando alguns traduzir ruach elolhin como tempestade de Deus, ou poderoso vento. Entretanto, toda a ordem do cosmo foi estabelecida e criada pelo Espírito do Senhor. Não se pode negar a atividade do Espírito Santo no processo criador. Pairar (rahap) fornece a ideia de abalar ou flutuar, cuja ideia é movimentar (Gn 1.2).

Assim lemos em Salmos 104.29,30: “Escondes o teu rosto, e ficam perturbados; se lhes tira a respiração, morrem, e voltam ao próprio pó. Envias o teu o Espírito, e são criados, e assim renovas a face da terra” (Sl 104.29,30). O texto citado diz respeito à ação do ruach na criação e preservação da vida. O Livro de Jó, ao tratar do assunto, é enfático: “O Espírito de Deus me fez; e a inspiração do Todo Poderoso me deu vida” (Jó 33.4).

A ação administrativa de Deus é notória, tendo em vista que Ele cumpre todos os Seus propósitos na história. O Espírito do Senhor orienta, revela e traz iluminação aos chamados para uma missão especial (Exemplos: Moisés, José, Isaías, Jeremias, Daniel etc.) com a finalidade de administrar o propósito eterno em relação ao homem. Atividade do Espírito Santo O Espírito Santo tem uma função moral e redentora, com o fim de levar o homem por meio da santificação a uma maior aproximação de Deus, através da obra redentora, consumada por Jesus Cristo. Essa redenção já era “ministrada” em figura no Pentateuco, representada nos sacrifícios de animais. O apóstolo Pedro registra que “a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2Pe 1.21).

A atividade do Espírito Santo

O Espírito Santo tem uma função moral e redentora, com o fim de levar o homem por meio da santificação a uma maior aproximação de Deus, através da obra redentora, consumada por Jesus Cristo. Essa redenção já era “ministrada” em figura no Pentateuco, representada nos sacrifícios de animais. O apóstolo Pedro registra que “a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2Pe 1.21).

A atividade do Espírito Santo no Antigo e no Novo Testamentos é um fato experimentado pelos profetas e os apóstolos, respectivamente, os quais ministraram e registraram para o conhecimento das gerações posteriores e para o enriquecimento espiritual do homem temente a Deus. “Toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2Tm 3.16,17).

Sendo a terceira pessoa da Trindade, o Espírito Santo é Todo Poderoso por ser Deus, presente em toda a história, atuante, misericordioso e fiel em todo o Seu propósito. “O ESPÍRITO do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos” (Is 61.1).

Dom do Espírito

“Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois na cidade, até do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24.49). O Senhor Jesus fez essa declaração pouco antes de ascender aos céus, afirmando que a promessa do Pai estaria se concretizando, conforme registrada pelo profeta Joel: “E há de ser que depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito” (Jl 2.28, 29).

O mundo haveria de ser impactado pela presença do Espírito Santo por meio de um derramar nunca conhecido na história, na proporção em que se manifestou. O Consolador enviado por Jesus está com a Igreja, fortalecendo-a para cumprir a missão até o grande e glorioso dia do Arrebatamento. “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (At.1.8).

O testemunho escriturístico

O Pentecostes foi o grande marco entre o Antigo e o Novo Testamentos, mormente no que tange à concessão do dom do Espírito Santo aos homens. Este fato impactou o mundo de então, de tal maneira que os seus efeitos se estenderam às gerações do século 21. O testemunho escriturístico é incontestável desta ação soberana do Espírito de Deus, em que sua promessa tem o fiel cumprimento, tornando-se experimental para milhões de crentes em todos os séculos, fato irrefutável.

Finalidade: anunciar e nos guiar

O dom do Espírito Santo tem por finalidade anunciar as verdades eternas a todos os homens, por mais ignorantes que pareçam ser. “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todos os lugares, que se arrependam” (At 17.30).

Com a manifestação do dom do Espírito Santo, o homem pode ser ajudado no que diz respeito a compreender e buscar fazer a vontade de Deus. E na Salvação, o Espírito do Senhor o orienta, fortalece as convicções e desperta-o para a conversão, para o consequente retorno à presença de Deus. O Espírito Santo tem, entre outras funções, a de glorificar a Jesus, fazer lembrar-nos de Seus santos ensinos e nos guiar em toda a verdade (Jo 16.13,14).

O Espírito Santo no ministério terreno de Jesus

O Espírito que estava presente e ativo no ato da concepção de Jesus Cristo – “E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo” (Mt 1.20) – foi o mesmo que o ungiu no batismo: “E João testificou dizendo: Eu vi o Espírito descer do céu como uma pomba e repousou sobre ele. E eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vir descer o Espírito e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo. E eu vi e tenho testificado que este é o Filho de Deus” (Jo 1.32-34). O Espírito dirigiu Jesus para o deserto, onde venceu todas as tentações: “E JESUS, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto” (Lc 4.1). Em Hebreus 9.14 está escrito: “Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?”. O texto de Hebreus deixa claro que o Espírito Santo comunica, isto é, tem participação no sacrifício redentor de Jesus Cristo. Já a 1 Timóteo 3.18 destaca a importância do mistério que diz respeito à Igreja do Deus vivo, à sua missão como firmeza na verdade, movida pelo Espírito Santo, que atuou no ministério terreno de Jesus, desde Sua concepção à ressurreição e continua a edificar a Igreja. “Mas se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade. E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória” (1Tm 3.15,16).

Unção do Santo

Agora todos podem receber a unção messiânica. Existe um sentido em que a promessa do novo pacto se cumpre: “E não ensinará alguém mais a seu próximo nem alguém a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor: porque todos me conhecerão, desde o mais pequeno deles até ao maior, diz o Senhor; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados” (Jr 31.34). Jamais se ungirá um mediador humano requerido para ensinar-nos a conhecer o Senhor; agora todos os crentes recebem o Espírito de Jesus. “E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo” (1Jo 2.20). O Profeta-Messias participa a sua unção profética. Em Cristo, possuem o conhecimento pessoal e imediato de Deus. “E a unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis” (1Jo 2.27). Todos neste sentido são profetas, sacerdotes e reis (FERGUSON, Sinclair B. O Espírito Santo. 2000, pp 83, 84).

Agora, o Espírito Santo habita nos crentes, com o fim de fazer conhecido Cristo. Este é o verdadeiro significado das palavras de nosso Senhor, que de outra forma seria impossível compreender: “Convém-vos que eu vá” (Jo 16.7).

Edimar Ribeiro é ministro do Evangelho, advogado, professor e escritor; graduado em Filosofia, bacharel em Teologia e em Direito; pós-graduado em Teologia e em Direito Civil, Direito Processual Civil e Direito Imobiliário; mestre em Ciências da Religião e doutorando em Direito.

Fonte: Artigo publicado no Jornal Mensageiro da Paz, Ano 91 – Número 1631 – Abril de 2021